Nietzsche e o seu existencialismo no cinema
Friedrich Nietzsche, um dos filósofos mais influentes do século XIX, deixou um impacto duradouro na filosofia ao desafiar as bases da moralidade e da religião. Nascido em 1844 na Prússia, ele começou sua carreira como filólogo clássico antes de se voltar para a filosofia. Nietzsche é frequentemente associado ao existencialismo e ao pós-modernismo, embora esses movimentos tenham se desenvolvido após sua morte.
A crítica de Nietzsche à moralidade tradicional e à religião, especialmente ao cristianismo, é central em sua filosofia. Em obras como “Genealogia da Moral” e “O Anticristo”, ele argumenta que a moralidade ocidental é anti-natural, enfraquecendo o espírito humano. Para Nietzsche, a religião nega a vida, promovendo a culpa em vez da afirmação da existência.
Um conceito central na filosofia de Nietzsche é a “vontade de poder”, que ele descreve como a força motriz por trás de todos os seres vivos. Este conceito é explorado em sua obra inacabada “Vontade de Poder”. Além disso, Nietzsche introduziu a noção do “eterno retorno”, sugerindo que a vida pode se repetir infinitamente, testando o valor da própria existência.
A Vontade de Poder: A Força Motriz da Vida
A vontade de poder é um dos conceitos mais significativos de Nietzsche. Ele propõe que a busca pelo poder e pela expansão é a verdadeira força motriz dos seres vivos, superando a mera sobrevivência ou reprodução. Essa ideia desafia as noções tradicionais de moralidade e sugere uma nova forma de avaliar a vida e as ações humanas.
O Eterno Retorno e o Valor da Existência
A noção do eterno retorno desafia os indivíduos a viverem como se suas vidas pudessem se repetir infinitamente. Este conceito serve como um teste para o valor da própria vida, incentivando uma reflexão profunda sobre as escolhas e o significado da existência. Para Nietzsche, viver autenticamente significa abraçar essa possibilidade e afirmar a vida em todas as suas formas.
Além do Bem e do Mal: Transcendendo a Moralidade Convencional
Em “Além do Bem e do Mal”, Nietzsche critica a dicotomia entre bem e mal, argumentando que essas categorias são construções humanas que limitam nossa compreensão do mundo. Ele propõe uma perspectiva que vai além dessas noções, onde o valor das ações é determinado pela afirmação da vida e pela vontade de poder, em vez de regras morais universais.
O Super-Homem: Criando Novos Valores
A ideia do Übermensch ou Super-Homem, apresentada em “Assim Falou Zaratustra”, representa o ideal de transcender as limitações da moralidade convencional. O Super-Homem cria seus próprios valores e significados, vivendo de maneira autêntica e criativa. Este conceito é um chamado para que os indivíduos vivam de forma verdadeira e inovadora, transformando o mundo ao seu redor.
Para refletir
A filosofia de Friedrich Nietzsche continua a desafiar e inspirar pensadores com sua crítica radical à moralidade e sua ênfase na criação de novos valores. Sua abordagem não sistemática e suas provocações filosóficas abrem caminho para uma reflexão mais crítica e questionadora, insistindo que o papel do filósofo é transformar o mundo através da criação de significados.
A VISÃO DE SØREN KIERKEGAARD NO CINEMA
O pré-existencialismo de Nietzsche no cinema
A filosofia de Friedrich Nietzsche, com suas ideias sobre a vontade de poder, o eterno retorno, a crítica à moralidade tradicional e a noção do Übermensch (Super-Homem), tem influenciado muitos aspectos da cultura popular, incluindo o cinema. Embora nem sempre seja explicitamente mencionada, a influência de Nietzsche pode ser vista em filmes que exploram temas de poder, moralidade, a natureza da existência e a transcendência do indivíduo. Aqui estão dez filmes, acompanhados dos nomes de seus roteiristas, que refletem, de alguma forma, a filosofia nietzschiana:
“Taxi Driver” (1976) – Roteirizado por Paul Schrader: A luta interna de Travis Bickle e sua tentativa de impor sua própria ordem moral no caos da cidade de Nova York refletem a busca nietzschiana por significado em um mundo niilista.
“Apocalypse Now” (1979) – Roteirizado por John Milius e Francis Ford Coppola, baseado na novela “Heart of Darkness” de Joseph Conrad: A jornada pelo rio e o confronto com o Coronel Kurtz exploram temas de poder, corrupção e a vontade de dominar, reminiscentes da vontade de poder de Nietzsche.
“O Sacrifício” (1986) – Escrito e dirigido por Andrei Tarkovsky: Este filme explora a busca por significado, sacrifício e redenção em meio ao apocalipse, temas que ressoam com a filosofia de Nietzsche sobre o eterno retorno e a superação do niilismo.
“Clube da Luta” (1999) – Roteirizado por Jim Uhls, baseado no romance de Chuck Palahniuk: Este filme explora a rejeição da sociedade consumista e a busca por autenticidade, ecoando a crítica nietzschiana à moralidade convencional e ao niilismo.
“Matrix” (1999) – Roteirizado por Lana e Lilly Wachowski: Embora fundamentado em uma variedade de influências filosóficas, “Matrix” aborda a ideia de despertar para a verdadeira realidade e a rejeição de um sistema imposto, temas que lembram a filosofia de Nietzsche sobre a vontade de poder e a criação de novos valores.
“Amor à Flor da Pele” (2000) – Roteirizado por Wong Kar-wai: Embora não diretamente nietzschiano, o filme explora temas de desejo, moralidade e escolhas individuais que ressoam com a filosofia de Nietzsche sobre a criação de valores próprios.
“O Cavaleiro das Trevas” (2008) – Roteirizado por Jonathan Nolan e Christopher Nolan, história de Christopher Nolan e David S. Goyer: A complexa relação entre Batman e Coringa reflete a luta nietzschiana entre diferentes sistemas de valores e a ideia do eterno retorno.
“O Grande Hotel Budapeste” (2014) – Roteirizado por Wes Anderson e Hugo Guinness: A aventura extravagante reflete, de maneira mais leve, a ideia nietzschiana do indivíduo criativo que molda sua própria realidade e vive de acordo com seus próprios termos.
“Noé” (2014) – Roteirizado por Darren Aronofsky e Ari Handel: Embora seja uma história bíblica, a interpretação de Aronofsky sobre o mito de Noé incorpora temas de moralidade, destruição e renovação que podem ser relacionados ao pensamento de Nietzsche sobre a transvaloração dos valores.
Esses filmes, através das visões de seus roteiristas, não apenas exploram questões profundas sobre a existência, moralidade e poder, mas também refletem, de várias maneiras, a influência duradoura da filosofia de Friedrich Nietzsche na compreensão da condição humana e na busca por autenticidade.
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