O Papa Francisco Morreu: O Que o Cinema Tem a Dizer Sobre Isso?
O mundo acorda mais silencioso quando um Papa morre. As badaladas de sinos em Roma ecoam por todos os continentes, enquanto milhões acompanham o ritual do luto: a Praça de São Pedro se enche de fiéis, a fumaça preta se anuncia, e o mistério do próximo nome começa a circular.
Mas fora dos corredores do Vaticano, é no cinema que muitos tentam compreender o que significa esse momento. E são os filmes sobre o papa que têm lançado luz sobre o que acontece dentro — e principalmente fora — da batina branca.
A figura papal sempre foi envolta em reverência, mas também em dúvida, disputa e drama. É esse contraste que torna os filmes sobre o papa tão ricos e atraentes. Eles não falam só de religião — falam de poder, humanidade, crise, fé e transformação. Com a morte do Papa como ponto de partida, revisitamos algumas dessas obras que tentam responder à pergunta: quem é, afinal, o homem por trás do título?
Conclave (2024)
Conclave é um mergulho nas entranhas do processo sucessório papal. Quando o Papa morre, todos os olhos se voltam para os cardeais reunidos na Capela Sistina. Lá dentro, porém, o que deveria ser um momento de oração e discernimento espiritual se revela um palco de intrigas, segredos e tensão.
No filme, o cardeal Lawrence (interpretado por Ralph Fiennes) se vê confrontado com uma revelação capaz de abalar não apenas a escolha do novo pontífice, mas a própria estrutura da Igreja. Com direção sóbria e roteiro afiado, Conclave mostra que nem tudo é silêncio e santidade quando se trata de sucessão.
Dos filmes sobre o papa, este talvez seja o mais político. Ele joga luz sobre o que tradicionalmente é mantido nas sombras, e nos faz pensar: até onde vai a fé quando se mistura com o poder?
Dois Papas (2019)
Em tom mais íntimo e quase confessional, Dois Papas explora um momento singular da história recente da Igreja: a renúncia de Bento XVI e a ascensão do Papa Francisco. Com atuações brilhantes de Anthony Hopkins e Jonathan Pryce, o longa dramatiza os encontros entre dois líderes tão diferentes quanto possíveis — um conservador alemão, o outro progressista argentino.
Mais do que uma conversa entre dois homens, o filme é um embate de visões de mundo. E talvez por isso tenha tocado tantos espectadores. É um dos filmes sobre o papa que mais humaniza a figura papal, mostrando dúvidas, falhas, arrependimentos e, acima de tudo, escuta.
Se Conclave fala sobre o poder, Dois Papas fala sobre redenção. E sobre como até o mais alto líder religioso pode aprender a mudar de ideia.
Habemus Papam (2011): O Papa Que Não Queria Ser
Entre os filmes sobre o papa, poucos são tão originais quanto Habemus Papam, do diretor italiano Nanni Moretti. Após ser eleito, o novo Papa entra em crise e foge. Literalmente. A Igreja entra em pânico, e um psicanalista é convocado para ajudá-lo.
Essa comédia dramática, ao mesmo tempo melancólica e crítica, desconstrói a ideia do Papa como figura infalível. Mostra um homem velho, frágil, assustado com o peso da missão. E nos convida a refletir sobre o que significa ser líder — e o que se perde quando a humanidade é abafada pela instituição.
É um lembrete poderoso, especialmente em tempos de transição, de que por trás da fumaça branca sempre há alguém que respira, teme e sofre.
Papa João Paulo II (2005): Uma Vida de Confronto e Carisma
Interpretado por Jon Voight, o filme Papa João Paulo II é uma cinebiografia clássica que cobre desde a juventude de Karol Wojtyła na Polônia até sua morte, em 2005. Passando por guerras, atentados, concílios e crises morais, o longa mostra um dos papas mais influentes da história moderna.
Embora menos artístico do que outros filmes sobre o papa, esse filme tem força por sua narrativa cronológica e emocional. Ele mostra como a fé pode ser usada como ferramenta de resistência e transformação, especialmente em cenários políticos opressores.
O Papa Francisco: Um Homem de Palavra (2018)
Este documentário dirigido por Wim Wenders se destaca por fugir do formato ficcional. Aqui, o próprio Papa Francisco fala diretamente ao público, sem filtros. O filme aborda temas como pobreza, meio ambiente, corrupção e espiritualidade em um mundo em crise.
É um dos filmes sobre o papa que mais se conecta com questões sociais e globais, aproximando a figura papal da realidade contemporânea. Francisco aparece não como autoridade distante, mas como alguém que caminha entre os que sofrem.
O Que Aprendemos com Tudo Isso?
A morte de um Papa marca o fim de uma era, mas também revela o quanto essa figura é parte de um sistema complexo, feito de crenças, conflitos e humanidade. E são os filmes sobre o papa que melhor traduzem essa complexidade para o grande público.
Eles não são apenas sobre religião. São sobre escolhas difíceis, segredos guardados, fé colocada à prova, e a eterna tentativa de conciliar o divino com o humano. No fim, cada Papa, seja real ou representado na tela, carrega nas costas séculos de história — e um mundo que sempre observa.