Operação Vingança:Rami Malek é o anti-James Bond neste thriller sólido e sem frescuras
Imagine um agente da CIA que não sabe atirar, se atrapalha em campo e parece mais confortável com um teclado do que com uma pistola. Bem-vindo a “Operação Vingança”, novo thriller estrelado por Rami Malek que joga fora os clichês de James Bond e entrega um herói improvável, sensível e… sim, meio perdido. Mas não se engane: esse “anti-espião” é exatamente o que o cinema precisava agora.
Em um tempo dominado por superproduções explosivas como Missão: Impossível e 007, “Operação Vingança” oferece um contraponto minimalista e mais pé no chão. Aqui, Malek vive Charlie Heller, um criptógrafo da CIA que vê sua vida virar do avesso após a morte brutal da esposa. O que começa como um luto silencioso vira uma busca desesperada por justiça — ou vingança. Segundo o site Slashfilm, “as aparências enganam, e aqueles que subestimam Charlie o fazem por sua conta e risco.”
Dirigido por James Hawes (de Slow Horses) e baseado no romance homônimo de Robert Littell, o filme não tenta reinventar o gênero, mas subverte com inteligência os arquétipos já conhecidos. O roteiro assinado por Ken Nolan (Falcão Negro em Perigo) e Gary Spinelli (Feito na América) atualiza o clima de Guerra Fria do original para a era da vigilância digital. Nada de gadgets mirabolantes ou carros voadores: o poder aqui está nos dados, na tecnologia e na obstinação de um nerd com coração partido.
Em vez de tiroteios frenéticos, o que temos são tensões psicológicas, invasões cibernéticas e um herói que falha — muito. “É um espião que não sabe ser espião”, comenta o site Slashfilm, destacando que o charme de “Operação Vingança” está justamente em sua vulnerabilidade. Malek entrega um Charlie hesitante, mas obstinado, guiado por flashbacks da esposa Sarah (Rachel Brosnahan), que embora pouco desenvolvida, move emocionalmente a trama.
O elenco ainda conta com Laurence Fishburne, como o agente sombrio Henderson, Caitriona Balfe como a misteriosa Inquiline e Adrian Martinez como o colega Carlos. A produção teve um orçamento estimado em US$ 35 milhões, com filmagens em locações reais pelo Reino Unido, o que dá ao filme um visual autêntico mesmo sem apostar em extravagância.
A direção de fotografia de Martin Ruhe (O Espião que Sabia Demais) adiciona um clima tenso e soturno com ângulos inclinados e uma paleta desbotada, refletindo o mundo cinzento e sem glamour que Charlie habita. Destaque para uma sequência brutal de luta corpo a corpo — sim, até um nerd tem seus momentos — e para cenas de hacking que soam mais reais do que a média hollywoodiana.
“Operação Vingança” pode não reinventar a roda, mas acerta ao colocar um personagem diferente no centro da ação. Aqui, a espionagem não é sobre charme ou músculos, mas sobre inteligência, perda e persistência. “O filme funciona melhor quando explora a tensão entre tecnologia e a espionagem tradicional”, aponta Slashfilm, destacando que o longa é quase um “Black Bag light” — referência ao suspense recente de Steven Soderbergh.
No fim das contas, “Operação Vingança” é um thriller compacto e maduro, feito para um público que está cansado de explosões sem sentido. Não é perfeito — algumas subtramas são esquecidas e o final soa apressado —, mas tem algo raro hoje em dia: identidade. Em um mar de heróis genéricos, Charlie Heller é um peixe fora d’água que a gente acaba torcendo para ver nadando contra a corrente.
E aí, curtiu essa vibe de espião antissocial e cheio de falhas? Então comenta aí: será que Rami Malek finalmente achou seu papel de ação ideal ou “Operação Vingança” ainda é só um aquecimento?
Ficha técnica:
Título original: The Amateur
Roteiro: Ken Nolan, Gary Spinelli
Direção: James Hawes
Elenco principal: Rami Malek, Rachel Brosnahan, Laurence Fishburne, Caitriona Balfe, Adrian Martinez
Orçamento estimado: US$ 35 milhões
Estreia nos EUA: Abril de 2025 (sem data confirmada no Brasil)
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