Bráulio Mantovani, Randall Wallace e Greta Gerwig: O que esses roteiristas tem em comum?

Vamos falar sobre algo essencial para quem quer entender como grandes roteiristas criam personagens que nos marcam profundamente. Hoje, vamos explorar dois pontos cruciais: como esses roteiristas criam personagens complexos e envolventes e como a visão de mundo deles fundamenta essas histórias. Vamos usar exemplos de roteiristas renomados como Randall Wallace, Aaron Sorkin, Christopher Nolan, Bráulio Mantovani, Greta Gerwig e Quentin Tarantino.

Como esses roteiristas criam personagens complexos e envolventes

O que faz um personagem ser memorável? Não é só sobre o que ele faz, mas como ele pensa, sente e reage aos desafios que enfrenta. Esses roteiristas que estamos discutindo têm uma habilidade especial de criar personagens que são profundos, cheios de camadas e que, por isso, ressoam com o público. Vamos ver alguns exemplos:

Randall Wallace (Coração Valente):

Personagem: William Wallace. Esse personagem é complexo porque é movido por um forte senso de justiça e liberdade, mas também é profundamente marcado pela perda pessoal e pela necessidade de vingança. Ele é um líder carismático, mas ao mesmo tempo vulnerável, o que o torna humano e acessível ao público.

Aaron Sorkin (A Rede Social):

Personagem: Mark Zuckerberg. No filme, Zuckerberg é retratado como um gênio frio e calculista, mas também como alguém que busca aceitação e reconhecimento, mesmo que isso o leve a trair amizades, tudo isso faz dele um personagem complexo. Esse conflito interno entre o desejo de sucesso e a solidão que vem com ele é algo que muitos de nós podemos entender.

Christopher Nolan (A Origem):

Personagem: Dom Cobb. A complexidade de Cobb se dá pelo fato dele ser um ladrão de sonhos, mas sua maior luta não é contra seus inimigos, e sim contra sua própria mente, que é assombrada pela culpa e pela perda de sua esposa. Ele é um personagem que busca redenção, o que o torna extremamente humano.

Bráulio Mantovani (Cidade de Deus):

Personagem: Buscapé. Buscapé também é complexo, afinal, ele é um jovem que vive em um ambiente violento, mas que deseja escapar desse ciclo. Ele é um observador da violência ao seu redor, mas não se deixa corromper por ela. Sua luta por uma vida diferente é algo que ressoa com qualquer um que já se sentiu preso a circunstâncias difíceis.

Greta Gerwig (Adoráveis Mulheres):

Personagem: Jo March. Jo é uma jovem escritora que desafia as normas de sua época, lutando por independência e por sua voz no mundo. Ela é forte e determinada, mas também enfrenta dúvidas e inseguranças, o que a torna incrivelmente real e próxima do público. Pensa numa personagem complexa.

PERSONAGEM, HERÓI, ANTI-HERÓI E VILÃO

Visão de Mundo: A base que fundamenta as histórias

Agora, vamos falar sobre algo que muitas vezes passa despercebido, mas que é crucial: a visão de mundo do roteirista. Cada um desses roteiristas tem uma maneira única de ver o mundo, e isso se reflete em suas histórias e personagens. Quando você entende a visão de mundo de um roteirista, fica mais fácil entender por que os personagens agem de determinada maneira e por que as histórias se desenrolam como se desenrolam.

Randall Wallace (visão de honra e sacrifício):

Em Coração Valente, Wallace explora temas de liberdade e sacrifício, com a ideia de que a luta por um ideal maior vale qualquer custo. Isso reflete uma visão de mundo onde a honra e a justiça são os valores mais altos.

Aaron Sorkin (visão liberal-democrática):

Em A Rede Social, Sorkin coloca em discussão o poder e a responsabilidade, questionando as consequências éticas do sucesso. Sua visão de mundo é centrada em debates sobre justiça, verdade e responsabilidade social.

Christopher Nolan (visão existencialista):

Em A Origem, Nolan explora questões profundas sobre a natureza da realidade e da consciência. Sua visão de mundo é existencialista, onde os personagens lutam para encontrar sentido em um mundo incerto e subjetivo.

Bráulio Mantovani (visão crítica da sociedade):

Em Cidade de Deus, Mantovani faz uma crítica social poderosa sobre a desigualdade e a violência. Sua visão de mundo é de que o ambiente molda as pessoas, mas que ainda há espaço para escolhas individuais.

Greta Gerwig (visão feminista e pós-moderna):

Em Adoráveis Mulheres, Gerwig questiona as normas de gênero e explora a busca por autonomia feminina. Sua visão de mundo é claramente feminista, onde as mulheres lutam para ter voz e espaço em um mundo patriarcal.

Quentin Tarantino (visão niilista e crítica da sociedade):

Em Pulp Fiction, Tarantino brinca com a moralidade, onde os personagens são movidos por impulsos e circunstâncias, sem uma clara distinção entre o certo e o errado. Sua visão de mundo é niilista, onde a moralidade é ambígua e os personagens são muitas vezes anti-heróis.

Referências culturais e filosóficas

Esses roteiristas não criam suas histórias no vácuo. Eles bebem de várias fontes culturais, filosóficas e históricas. Vamos ver alguns exemplos:

Quentin Tarantino usa referências bíblicas em Pulp Fiction, como o famoso discurso de Jules sobre o caminho dos justos. Isso enriquece o personagem e a história, dando uma camada extra de significado. Christopher Nolan, em A Origem, é claramente influenciado pelo existencialismo, uma corrente filosófica que questiona a natureza da realidade e o sentido da vida. Isso se reflete na jornada de Cobb, que luta para entender o que é real e o que é ilusão.

Análise de personagens e das visões de mundo

Por fim, vamos falar sobre a interpretação psicológica dos personagens. Esses roteiristas criam personagens que têm motivações profundas, traumas e dilemas éticos que os tornam fascinantes. Vamos pegar dois exemplos:

Dom Cobb (A Origem): Cobb é um personagem que carrega a culpa pela morte de sua esposa. Ele tenta fugir dessa culpa, mas ela o persegue em seus sonhos, literalmente. Sua jornada é uma busca por redenção, mas também uma luta para aceitar a realidade.

Jules Winnfield (Pulp Fiction): Jules começa o filme como um assassino frio, mas ao longo da história, ele passa por uma transformação espiritual. Ele começa a questionar suas escolhas de vida e, no final, decide seguir um caminho mais justo, buscando redenção.

Esses personagens enfrentam dilemas existenciais e éticas pessoais, e é isso que os torna tão profundos. Eles não são personagens unidimensionais; são figuras complexas, que refletem as visões de mundo de seus criadores. Esses roteiristas são mestres em criar personagens que nos tocam porque são complexos, envolventes e refletem visões de mundo profundas. Ao entender como essas visões moldam os personagens e as histórias, podemos apreciar ainda mais o trabalho deles e aprender a criar personagens igualmente impactantes em nossos próprios roteiros.

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